Atualmente, os implantes dentários tem sido uma opção segura para pacientes desdentados que se interessam em devolver sua saúde bucal e autoestima. Mas, como todo procedimento cirúrgico, há casos em que acontecem problemas pós operatório. A complicação mais comum da Implantodontia é a perda primária do implante que ocorre cerca de 5% das vezes. A grande maioria delas quando o implante não tem um bom travamento.
Uma outra situação que aumenta muito o risco de perda é quando profissional coloca implantes em sítios infectados. A infecção deve ser completamente debelada antes da instalação do dispositivo.
Outro erro que observamos e que traz consequências no longo prazo, é a inobservância da quantidade de osso deixado na vestibular dos implantes (parte da frente). Uma espessura pequena não permanecerá por muito tempo, exporá as expiras do implante e este se contaminará, o que causará a recessão gengival e problemas estéticos graves.
Não raras vezes recebo fotos de colegas mostrando uma fístula na parte da frente do implante, na gengiva, e me perguntam a possível causa e solução. Explico que, muito provavelmente, ele usou um implante com hexágono externo e isso deve ser contaminação da interface pilar protético/implante e que não adianta ficar fazendo enxertos de gengiva quando isso acontece. O melhor seria, nesses casos, retirar o implante, colocar outro tipo cone Morse e fazer enxerto de osso e, às vezes, gengiva também.
Nos dias atuais, o diabetes mellitus tem sido um problema que pode interferir no sucesso dos implantes, isso ocorre por conta de o indivíduo portador dessa doença sistêmica apresentar uma insuficiência vascular periférica, causando distúrbios de cicatrização, implicando no desenvolvimento e formação da remodelação óssea, diminuindo a capacidade imunológica e aumentando a possibilidade de infecções (MARINHO, Luide Michael Rodrigues França et al.).
As infecções ficam exacerbadas em pacientes com diabetes, nestes pacientes, devemos ter mais cuidado ainda com o fechamento correto dos tecidos, imersão total do implante (não deixar o cicatrizador exposto) e fazer uso de antibiótico e bochecho com Clorexidina. Essa enfermidade acaba prejudicando muito e retardando o tempo de cicatrização do paciente podendo afetar diretamente o sucesso do implante.
Outro erro que acabo observando é a instalação de implantes muito próximos uns do outros. Isso prejudica a circulação sanguínea da região, trazendo como consequência, a reabsorção óssea. O que pode acabar ocorrendo também por resposta à infecção de uma área contaminada por não se ter um espaço suficiente para o paciente pode higienizar.
Instalação de implantes em pacientes grávidas deve ser adiada. Mulheres nestas condições tem uma alteração hormonal importante além de termos que evitar o uso de antibióticos.
Afrouxamento de parafusos: Ocorre, na grande maioria das vezes, em sistemas onde foram usados implantes com hexágono externo, isso porque esse tipo de conexão não foi desenvolvido, à princípio, para adaptação de pilares protéticos. A fixação do pilar protético no hexágono é muito fraca, ficando quase toda à carga lateral sobre o parafuso de fixação e ele acaba não suportando tais forças por muito tempo. Preferimos sempre a utilização de implantes tipo cone Morse, pois a interface do implante com o pilar protético é muito estável e, na maioria das vezes, ausente de contaminação, o que ajuda sobremaneira a manutenção dos tecidos ao redor do implante.
O deslocamento da mucosa não queratinizada (uma mucosa mais fina e avermelhada) sobre a superfície dos implantes também pode ser causa de fracassos precoces ou tardios. Inicialmente, o paciente relata dor ao tocar na região, com o passar do tempo, por conta da mobilidade do tecido, espiras podem ficar expostas, o que causa contaminação e inflamação da mucosa, aumentando ainda mais a dor, por conta disso o paciente não higieniza mais a região, o que agrava cada vez mais a situação. O processo entra em um círculo vicioso levando à perda ou à indicação de remoção. Como evitar? Sempre deixar osso suficiente em volta do implante, idealmente fazer enxerto de tecido queratinizado (gengiva resistente e rosa clara) e usar implante tipo cone Morse.
Uma falha menos comum é a fratura de um componente ou implante. Isso ocorre, na grande maioria das vezes, porque não foram observadas questões biomecânicas. Se o componente ou implante forem muito finos em relação à força que vão suportar, eles podem fraturar. Em regiões posteriores devemos usar implantes e pilares mais resistentes.
A parestesia (sensação de anestesia permanente) é algo que raramente ocorre, porém, não deve ser desprezada. Ela pode ocorrer principalmente por lesão ao nervo alveolar inferior ou ao nervo mentual. Se a lesão for parcial, ela poderá desaparecer em semanas ou meses, se for total, ela pode ser definitiva. O tratamento é realizado com complexo B e laser. Como evitar?
- Pedir sempre o exame de tomografia computadorizada da região (exame que mostra altura e espessura óssea com precisão), o exame de panorâmica não mostra a espessura de osso e não é um exame preciso, portanto não deve ser usado como referência para instalação de implantes.
- Na hora da fresagem, sempre checar com uma sonda com a ponta arredondada se não estamos fresando em tecido mole, não fazer muita força com a broca lança (broca que possui uma ponta muito fina e cortante) em regiões onde passam nervos nas proximidades, fresar com muito cautela e com pressão mínima.
- Na dúvida, pare a fresagem e meça o orifício com uma sonda com marcações de profundidade.
Fratura das próteses: Pode ocorrer basicamente por duas causas:
- Biomecânica: Quando os movimentos laterais sobrecarregam uma determinada região da prótese e isso pode ser evitado fazendo os desgastes possíveis para minimizar o dano.
- Desgaste natural com o uso. Com o passar do tempo, as próteses feitas com resina se desgastam, e isso, em algum momento, pode provocar um ponto de fragilidade do sistema levando à sua ruptura. Neste caso, é preciso fazer a restauração da prótese.
É altamente recomendável possuirmos uma boa relação com o paciente para que este entenda as limitações do tratamento bem como os cuidados que ele deve ter.
A visita ao profissional a cada 6 meses é recomendada para a manutenção e identificação de problemas no início, diminuindo sobremaneira a probabilidade de problemas mais difíceis de se resolver.
O paciente deve estar ciente que a higiene é fundamental para a manutenção à longo prazo. A limpeza deve ser feita com escovas com cerdas macias manuais ou eletromecânicas, com fio dental e escova interdental que serão usados para a remoção da placa entre a prótese e os dentes e por debaixo do aparelho protético onde a escova convencional não entra. Os aparelhos de jato de água, podem e devem ser usados com coadjuvantes, nunca como instrumentos principais.
Nessas consultas de manutenção, o profissional deverá retirar as próteses parafusadas para a sua higienização bem como para a remoção de eventuais placas que possam ter se acumulado sobre os pilares protéticos. Deverá também verificar se a prótese oferece condições adequadas de higienização para o paciente.
Após a remoção da prótese, os implantes deverão ser checados com relação à estabilidade. Se for detectada a mobilidade de um pilar, esse deverá ser reapertado, se for detectada a mobilidade de um implante, esse deverá ser removido e a prótese readequada se possível.
Problemas com tecidos moles como dor e sinal de inflamação, poderão ser indicativos de necessidade de enxerto de tecido queratinizado, isso se não houver contaminação da interface pilar protético/implante como já foi descrito acima.
Observando os cuidados relatados neste texto, diminuiremos muito a probabilidade de problemas com implantes dentários.
Perguntas feitas na internet sobre problemas com implante dentário
01 – Estou fazendo implante de um protocolo superior e ontem Coloquei o cicatrizador e doeu muito. Hoje ainda está doendo mas um pouco menos. É normal? Posso usar a dentadura por cima do cicatrizador?
Josué Gomes: Bom dia. Sim. Pode usar a dentadura.
E quanto a dor quanto tempo ainda posso sentir?
Josué Gomes: Depende. Se for problema com o implante, até remover o implante, se for pressão na gengiva, até a gengiva acomodar, se for aprisionamento de fluidos dentro da gengiva (Pode ocorrer com cicatrizadores para implante cone Morse), até remover o cicatrizador, fazer uma incisão e colocar de novo. Tem que avaliar para saber o que está causando dor.
02 – Fiz um implante dentário mas acho que ficou mal feito. Tem um defeito enorme na gengiva. Ela faz um arco lá encima. Boa parte do implante está exposto. Agora estou aguardando cicatrizar e a dentista disse que vai ter que fazer uma prótese maior que os outros dentes. E quer que eu faça gengivoplastia. Não quero fazer. Tem outra solução?
Resposta: Tudo indica que precisaria remover o implante, fazer enxerto ósseo e colocar um implante cone morse bem posicionado. Mas para lhe dar 100% de certeza, somente avaliando e pedindo exames. Enxerto de gengiva não vai dar certo. Vai perder tempo e dinheiro e não vai resolver. Pode até piorar. Prótese longa 99% das vezes fica muito ruim.
3 – Hoje sábado 17 de fevereiro saiu um parafuso do pino do meu implante dentário que faz quase dois meses da cirurgia o dentista não atende hoje não tem como entrar em contato com ele pra falar segunda feira dia 19 de fevereiro tenho retorno com ele será que até lá a gengiva irá tampar o implante.
Doutor: Irá fechar um pouco mas ele consegue colocar novamente. se estiver muito fechado, ele terá que anestesiar e fazer pequenas incisões. se ele não fizer isso, você poderá sentir muito dor.