Lesões da boca

Doenças de tecidos moles da boca

As doenças que se apresentam na cavidade bucal o cirurgião dentista deve estar preparado para reconhece-las, pois algumas alterações podem ser benignas, malignas, ou  neoplasias que desenvolva malignidade durante o passar do tempo. Existem vários tipos de lesões que podem apresentar em boca, devemos ter um cuidado ao avaliarmos a cavidade bucal como um todo, cada estrutura, para que se estiver algo fora da normalidade, podermos diagnosticar e encaminhar caso necessário. E lembrar sempre que houver alguma dúvida, fazer exames complementares.

  • Leucoplasia: é uma lesão branca com potencial de transformação maligna , não é removida com raspagem e não se assemelha com nenhuma outra lesão. Acomete mais o sexo masculino, e pode ser encontrado no lábio inferior, língua, comissura labial e palato duro. Seu diagnóstico é confirmado pela biópsia incisional procedida da citologia esfoliativa.
  • Queilite actínica: é uma lesão devido a exposição de UVA e UVB com potencial transformação em maligna . Acomete mais o sexo masculino , e mais acometido no lábio inferior. O diagnóstico é confirmado pela biópsia incisional procedida da citologia esfoliativa.
  • Candidíase: popularmente conhecida como “sapinho”, é uma infecção fúngica superficial, observada mais em pacientes imunodeprimidos ,e é removido a raspagem. Pode ser feito biópsia citologia esfoliativa.
    • Candidíase Crônica atrófica: Relacionada à prótese total superior, geralmente em pacientes idosos, portadores de próteses mal adaptadas por muitos anos de uso, traumatizando a mucosa. Ela tem a coloração avermelhada aveludada.
  • Melanoma: é uma neoplasia maligna agressiva, mais raro acometer em boca, ou aparece tardiamente. Pode acometer palato, mucosa gengival e rebordo alveolar , O diagnóstico é confirmado pelo exame histopatológico, e confirmado, é tratado pelo médico oncologista.
  • Eritroplasia: Lesão avermelhada, menos comum em boca, mas potencialmente maligna. Acomete assoalho bucal, palato duro ou mole. Deve ser tratado pelo médico oncologista.
  • Sarcoma de kaposi: Herpes vírus humano (HHV-8). É a primeira manifestação bucal da AIDS/SIDA, pode desenvolver uma alteração maligna, e seu diagnóstico é feito com a biópsia incisional mandando para o histopatológico.
  • Carcinoma epidermóide: Neoplasia maligna da cavidade bucal, podendo ser descrito como uma lesão ulcerada, bordas elevadas nítidas e endurecidas . Podendo ser diagnosticada por citologia esfoliativa ou histopatológica.
  • Papiloma: Está relacionado ao HPV, e o aspecto clínico é caracterizado por uma pápula . Ela se localiza em região de úvula, palato mole ou duro e língua, e em menor frequência em mucosa. Recomenda se a remoção da lesão.
  • Fibroma: É uma hiperplasia fibrosa, recorrente a um trauma . Pode ser encontrada em mucosa jugal, labial ou borda lateral da língua. É recomendada a remoção cirúrgica, mas deve ser eliminado a causa fundamental, para que não haja recidivas.
  • Hemangioma: Pode ser representada por uma malformação vascular. Quando apresenta em crianças, geralmente acomete na pele ou no couro cabeludo, regredindo espontaneamente na puberdade. Para confirmar o diagnóstico, pode ser feito a vitropressão no local. O tratamento pode ser cirúrgico para pequenas lesoes.
  • Lipoma: É uma neoplasia benigna de tecido gorduroso, sua coloração é normalmente amarelada. Pode ser encontrada na mucosa jugal, lábios, língua ou assoalho bucal. O tratamento é a remoção cirúrgica.
  • Granuloma Piogênico: Lesão decorrente de uma produção incontrolada de tecido de granulação. Origina se com maior frequência na papila interdental dos dentes superiores , podendo também apresentar em língua, lábios, mucosa bucal ou rebordo alveolar .O tratamento é a remoção cirúrgica totalmente, para que não ocorra recidivas.

 

Cistos

 

Os cistos são lesões comuns, geralmente assintomático, mas que podem causar dor, se infectado, e pode também causar deformidade se for de grande proporção. Os cistos verdadeiros, são aqueles que contém epitélio revestido, contendo fluido ou material semi sólido. Aqueles derivados de restos de materiais do processo da  odontogênese, são chamados de cistos Odontogênicos. As cavidades patológicas não revestida por epitélio, são chamadas de pseudocistos. Para obter o diagnóstico do cisto, deverá ser encaminhado para o histopatológico, e pelos aspectos da cápsula microscopicamente, se dá a classificação do diagnóstico de qual lesão cística é.

 

Odontogênicos:

  • Cisto periapical: Ele é o mais comum dos cistos odontogênicos, e é originado dos restos epiteliais de malassez, pode se desenvolver por morte da polpa por cárie, ou por trauma. Localiza se no ápice do dente, sendo o tratamento cirúrgico, por enucleação, e endodôntico (tratamento de canal) quando o dente não está comprometido, quando está, deve-se realizar a remoção dentária.
  • Cisto dentígero: Envolve a coroa de um dente não erupcionado, com mais frequência em terceiros molares e caninos. Dependendo do tamanho, ele pode deslocar o dente da sua posição original e os adjacentes. O tratamento cirúrgico é remoção por enucleação, se o terceiro molar que estiver envolvido, é feita a remoção dele também, mas se for canino é preferido fazer uma marsupialização para descompressão do cisto, para trazer o dente envolvido na sua posição original.
  • Cisto periodontal lateral: Pouco frequente derivado dos restos da lâmina dental (serres), localizando se preferencialmente na mandíbula, na região de caninos e pré molares, geralmente se encontra no ápice das raízes mais lateral. O tratamento é cirúrgico com enucleação.

 

 

Não Odontogênicos

  • Cisto do ducto nasopalatino: Origina se no interior do ducto nasopalatino no canal incisivo, na linha média anterior. O tratamento é enucleação cirúrgica.

 

Pseudocistos

  • Cisto hemorrágico: Não é um cisto verdadeiro, pois não contém epitélio, sua etiologia pode ter vindo de um trauma. O tratamento consiste no preenchimento por sangue na cavidade, para induzir a formação óssea no local, isso pode ocorrer por um acesso cirúrgico ou curetagem.
  • Cisto ósseo aneurismático: É uma lesão pouco comum, caracterizada por apresentar grandes espaços preenchidos por sangue, e separados por bandas de tecido fibroso contendo células gigantes. Ocorre preferencialmente na mandíbula posterior, seu comportamento em geral é agressivo, e seu tratamento é feito por curetagem, e em alguns casos pode haver recidivas.

 

Neoplasias

 

Esse grupo de patologia é bastante amplo, havendo lesões de diversas complexidades de comportamentos variáveis. As neoplasias ósseas geralmente se caracterizam  por produzir aumento de volume e deformidade. As lesões benignas elas crescem mais regular e apresentam aspectos radiográficos mais delimitados, enquanto as malignas ao contrário, rompem corticais, envolve tecidos moles e demonstram aspecto infiltrativo e difuso nas radiografias.

  • Ameloblastoma: É uma neoplasia benigna, porém invasiva, que geralmente requer intervenções terapêuticas invasivas e mutiladoras. Ela é mais frequente na região de molares e ramo da mandíbula. Seu crescimento é lento, progressivo e indolor, mas lesões muito grande pode apresentar dor, parestesia e infecções secundárias. Quando o ameloblastoma apresenta unilocular, chamada de unisistica, seu tratamento  mostra um prognóstico melhor, mesmo sendo um tratamento mais conservador. As que apresentam formas multiloculares conhecida radiograficamente como “bolhas de sabão”, geralmente seu tratamento é mais agressivo com ressecção cirúrgica em bloco. O cirurgião dentista deve avaliar cada caso e cada histológico da lesão do paciente, para um melhor planejamento e tratamento.
  • Mixoma: É uma lesão lenta, assintomática e localmente invasiva, atingindo mais a mandíbula que a maxila. Radiograficamente ela é lembrada como uma “raquete de tênis” ou “favos de mel”. O tumor pode deslocar dentes ou romper cortical. O tratamento é a remoção cirúrgica do tumor , mas nem sempre a remoção total é fácil, podendo ter que fazer um ressecção maior, com o prognóstico bom mas com deformações na região.
  • Adenomatóide: É localizado mais em maxila, geralmente associado em caninos não irrompidos, seu crescimento é lento e assintomático. O tratamento é feito por curetagem e geralmente a extração do dente envolvido, não apresenta recidivas e seu prognóstico é bom.
  • Odontoma: São comuns tanto na mandíbula, como na maxila. São massa de tecidos dentários que se compõem que lembra ou não a morfologia dentária , geralmente associados em dentes não irrompidos. O tratamento é cirúrgico enucleação conservadora.
  • Osteossarcoma: É uma neoplasia maligna em osso, com recorrência em maxila. O paciente sente sintomatologia como dor, parestesia, mobilidade dental e obstrução nasal. Radiograficamente a lesão é agressiva com destruição óssea, e rapidamente ela pode atingir tecidos moles adjacentes. Essa lesão pode apresentar metástase em outras parte do corpo principalmente no pulmão. O tratamento recomendado é o cirúrgico radical, com quimioterapia adjuvante.
  • Linfoma: São neoplasias malignas derivados de linfócitos.
    • Linfoma tipo Hodgkin: Inicia em um linfonodo cervical, inguinal, axilar. A doença pode causar deformidade a medida que progride. A biópsia deve ser aspirativa e o tratamento é feito por uma combinação de quimioterapia e radioterapia.
    • Linfoma tipo não Hodgkin: Pode iniciar fora dos linfonodos, com um prognóstico pior que o tipo Hodgkin, pode estar envolvido em pessoas portadoras de HIV. Pode se apresentar em lesões ulceradas ou expressões nodulares. O tratamento é feito igual ao do tipo Hodgkin.

 

 

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