Estomatologia – Estomatologista

Estomatologia

 

Estomatologia é a especialidade da odontologia que estuda e trata das lesões da boca que acometem, principalmente, os tecidos moles (bochecha, gengiva e língua). O profissional que atua nesta área é o estomatologista.

As lesões mais comuns são a afta, doenças infecciosas como a herpes simples, alguns tipos de lesões na gengiva e o câncer de boca.

A afta pode estar associada a uma queda da imunidade. Desaparece dentro de alguns dias. Uma lesão que não desaparece dentro de 14 dias, possuem bordas endurecidas e é indolor pode ser algo mais sério, neste caso, procure um estomatologista o mais breve possível.

A boca seca, também chamada de xerostomia, é caracterizada pela diminuição ou interrupção da secreção de saliva que pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum nas mulheres na menopausa. As causas mais associadas são: uso de cigarro; carência de vitaminas A e do complexo B; doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico, AIDS, uso de antidepressivos, diuréticos, antiparkinsonianos, anti-hipertensivos, antineoplásicos, radioterapia na região da cabeça e do pescoço, alterações hormonais como menopausa, gravidez, hipotireoidismo, diabetes e respiração bucal. Os sintomas na maioria das vezes são iguais, porém, o tratamento vai depender da causa.

Dentre as doenças infecciosas, as mais comuns são as causadas pelo Herpes vírus simples. As lesões aparecem, normalmente, nos lábios e a transmissão se dá através do contato.

As lesões na gengiva podem ser causadas por bactérias (neste caso o periodontista é que trata), pode ser uma inflamação causada por fungo (candidíase  por exemplo) ou podem ser causadas por restos epiteliais (restos de células que ficaram em uma região onde foi extraído um dente por exemplo).

 

 

Informações sobre Estomatologia para dentistas

 

De origem do grego, Estomatologia vem de stomus (boca) e lógus (estudo), sendo assim a ciência que estuda as afecções da boca e é praticada por um profissional chamado de estomatologista.

Dentre as mais comuns afecções bucais da clínica temos: as Aftas, a Boca seca, as doenças infecciosas como herpes simples, cárie, periodontites e o câncer de boca, patologias estas que podem ser diagnosticadas e muitas vezes tratadas pelo Estomatologista.

A afta é o tipo de lesão ulcerada mais comum, com incidência entre 20 a 60% dependendo da população estudada. A incidência tende a ser mais elevada nos grupos socioeconômicos mais elevados e nas pessoas não fumantes. De etiologia ainda desconhecida, pode estar associada à várias situações como desregulação imunológica primária, diminuição da barreira mucosa e aumento da exposição antigênica. A maioria das lesões são arredondadas de 2 a 8mm, contorno nítido, doloridas, afetando mucosa não queratinizada, únicas ou múltiplas, com persistência  de até 10 dias , não deixam cicatriz visível, na  3ª. década de vida a reparação pode demorar até 30 dias. O tratamento depende da gravidade da lesão, pacientes com poucas lesões ou lesões ocasionais geralmente nenhum tratamento é necessário, além de um enxaguatório bucal. Nos demais casos, podem ser administrados corticosteroides tópicos e/ou sistêmicos, antibióticos e imunomoduladores.

Dentre as doenças infecciosas muito comum na população, a lesão causada pelo Herpes vírus simples tipo 1 e 2 (HSV 1 e 2 ou HHV 1 e 2) é uma delas, sendo a diferença entre  os dois tipos o local anatômico envolvido. O HHV 1 tem localização bucal, orofaringeana ou peri labial de transmissão pela saliva ou contato direto com as lesões. O tipo 2 tem localização nos órgãos genitais transmitido pelo ato sexual ou autoinoculação. Vale lembrar da possibilidade de as lesões herpéticas do tipo 2 acometerem também a região peribucal, quando for inoculado naquela área anatômica ou vice-versa. O quadro clínico dessas lesões são semelhantes, sendo a gengivoestomatite herpética primária, primoinfecção, a manifestação mais severa. As recorrências geralmente são menos exacerbadas, como no herpes simples recorrente. Os sinais prodrômicos são: ardor, prurido, calor, pontadas ou eritema na região aonde aparecerão as vesículas que, após romperem, darão lugar a lesões ulceradas. O tratamento é basicamente com analgésicos, antipiréticos, anestésicos e hidratação. As lesões recorrentes peribucais poderão ser tratadas com aplicação de anestésico sublesional ou drogas antivirais administradas na fase prodrômica. O acompanhamento desses pacientes deve ser feito, pois complicações podem ocorrer principalmente nos imunocomprometidos.

A cárie e as doenças periodontais também são patologias infecciosas que podem estar relacionadas, diferentemente ao que a maioria das pessoas pensam, não só com uma má condição de higiene, mas com problemas imunitários, condições sistêmicas, uso de medicamentos entre outros e requerem tratamento e acompanhamento sistemático e muitas vezes complexo.

Enfim, um papel importante do Estomatologista é o diagnóstico precoce do Câncer Bucal. O tipo mais comum de câncer de boca é o carcinoma espinocelular, que corresponde a cerca de 95% de todas as neoplasias bucais. A sua apresentação mais comum é a de úlcera com bordas elevadas e endurecidas, superfície firme e coloração variando do esbranquiçado ao avermelhado, podendo haver áreas de necrose. É importante ressaltar que algumas doenças infecciosas podem apresentar manifestações semelhantes as das úlceras cancerosas. Assim, é vital realizar o diagnóstico diferencial entre as mesmas, pois o tratamento e o prognóstico das doenças é bastante diferente. Quanto mais precoce o diagnóstico maior a chance de cura e sobrevida do paciente. A expectativa de cura varia de 85% a 100% quando o câncer é diagnosticado e tratado na fase inicial. Por isso em caso de presença de lesão persistente por mais de 1 mês com ou sem sintomatologia dolorosa não se deve hesitar em procurar um cirurgião dentista estomatologista.

 

Lesões Brancas

 

As alterações brancas da mucosa são originárias em função de fatores como: diminuição do fluxo sanguíneo, espessamento epitelial ou aumento da camada espinhosa (acontose). Os tipos de lesões brancas são variados:
• Hiperqueratose: superfície rugosa em forma de placa, assintomática, que não responde a raspagem. Causada por superfícies de contato de baixa intensidade e longa duração, como brackets de aparelhos ortodônticos, raízes residuais, restaurações deficientes e próteses mal adaptadas. Quando retirado os agentes locais desaparece dentro de alguns dias.
Existe uma condição chamada linha alba que representa o plano de oclusão dos dentes inferiores com os superiores e nada mais é do que um hábito de morder a mucosa jugal.
• Líquen Plano: alteração associada aos fatores emocionais do paciente, podendo ser recorrentes ou esporádicos. Em alguns casos, podemos encontrar descamações na pele em superfícies flexoras (cotovelo e joelho). Existem duas formas clássicas de líquen plano: reticular e erosiva.
Reticular: tem forma de rede e é mais conhecida como estrias de Wickham. É assintomático, possui crescimento limitado e ocorre em toda mucosa jugal bilateralmente podendo atingir lábios e língua.
Agressiva: forma mais grave onde existe atrofia epitelial e possível ulceração. Pode ocorrer de forma isolada ou em outras áreas da boca.
• Estomatite nicotínica: é o espessamento do epitélio em função do cigarro com outros produtos semelhantes. Tem aspecto de placas irregulares, branco-amareladas, comuns no palato que podem as vezes estar acompanhadas de pequenos pontos avermelhados os quais representam inflamação dos ductos excretores das glândulas salivares acessórias.
• Leucoplasia: formação em placa assintomática, não raspável, que quando eliminados os possíveis fatores locais e sistêmicos ela persiste. Deve-se realizar biopsia pois tem potencial pré-maligno.
• Leucoplasia pilosa: placas bilaterais na língua associadas em grande parte ao Epstein-Barr Vírus e a indivíduos portadores de HIV não controlados. Tem grande potencial de transformação maligna.
• Queilite Actínica: formação de placa na região dos lábios principalmente inferior, devido a exposição aos raios rolares. Podem formar fendas com exposição do tecido conjuntivo ou crostas com o mesmo formato. Assim como as leucoplasias, tem grande potencial de transformação maligna.

 

 

Diagnóstico Clínico Bucal para Estudantes de Odontologia

 

O avanço e reconhecimento da Odontologia se iniciaram por volta de 1920. Pesquisadores da época notaram que a região abrangida pelos Cirurgiões-Dentistas não era muito compreendida por médicos ou estudada por nenhuma outra especialidade. Foi determinado então o dever da Odontologia tratar as patologias existentes nas adjacências orais, como: doenças nos tecidos dentais; doenças nos tecidos periodontais; lesões orais e conhecimento de doenças sistêmicas que possam ou não modificar o andamento do tratamento odontológico.
Com o passar dos anos, novas atribuições foram acrescentadas a profissão, acrescentando aspectos sociais, culturais e econômicos. Redimensionando as responsabilidades do Dentista e estabelecendo seus objetivos: dever de tratar doenças e preservar a saúde bucal sabendo quando existem alterações de origem local ou sistêmica; ser preparado para melhorar a qualidade do trabalho, buscando diminuir o custo; exercer a profissão de acordo com a ética e as relações sociais; ser capacitado para atender as necessidades e estar sempre ampliando os conhecimentos na área.
O diagnóstico das patologias orais dispõe de diversas áreas de conhecimento para que se torne concreto. Dentro do exame, deve se levar diversos fatores em consideração, como a anatomia, fisiologia, biologia, microbiologia, a história clinica e as características dos pacientes.
As doenças possuem estágios. No processo pré-patogênico, há apenas a interação do agente agressor com o hospedeiro sem manifestações evidentes. Já no estágio patogênico, os sinais e sintomas tornam-se visíveis e evoluem de acordo com a virulência da doença e as condições sistêmicas e locais do paciente. Podem progredir para cura com ou sem sequelas e até mesmo para a morte. É muito difícil identificar a doença no estagio pré-patogênico, já que não há evidências da presença do agente agressor. Por isso, é desejável que a detecção ocorra precocemente no período patogênico, onde há manifestações, Desta forma, os danos são minimizados e há maior chance de recuperação total do paciente.
Os sinais são alterações causadas pela doença que podem ser observadas clinicamente por um profissional, como febre, edema, mudança na coloração da mucosa e gengiva etc. Sintomas são manifestações patológicas que são descritas pelo paciente e imperceptível visualmente como dor, tontura e etc. É importante analisar todo sinal e sintoma minuciosamente segundo sua intensidade, duração e localização, pois o conhecimento, identificação e valorização destes fatores irão colaborar sobremaneira para o diagnóstico. Os dados coletados do paciente formam o exame clinico.
Geralmente os pacientes vão a consulta quando identificam algum indício de uma doença, porém, com a conscientização da importância da saúde bucal, os pacientes buscam visitas periódicas para verificar a saúde oral e identificar alterações iniciais e trata-las precocemente. Por isso, cabe ao cirurgião dentista incentivar a visita dos pacientes ao consultório para a realização de exames sistemáticos que possam localizar a presença ou ausência de doenças, bem como realizar o diagnósticos precoces se ela já estiver instalada.

 

Informações sobre lesões orais para estudantes de odontologia

 

Lesões são patogenias que tem origem de diversas alterações morfológicas, como bactérias ou traumas ocasionados na pele ou na boca. O entendimento dessas lesões é importante para que haja um diagnóstico correto, proporcionando o tratamento mais adequado.
As lesões mais básicas recebem o nome de lesões fundamentais. Estas lesões possuem um aspecto mais amplo e podemos dividi-las em agrupamentos gerais: as ulceradas, erosivas, planas e vegetantes. Esses grupos são divididos segundo as características principais das lesões encontradas na boca.
Lesões ulceradas: são lesões com perda tecidual onde se perde totalmente o epitélio de revestimento, expondo o tecido conjuntivo. Podem ser divididas entre ulceras e ulcerações.
 Ulceras: são lesões crônicas, que persistem durante semanas ou meses, como decorrentes de tumores malignos e a sífilis secundária.
 Ulcerações: são lesões de curta duração, como aftas e herpes.
Lesões erosivas: são perdas teciduais causadas pela perda parcial do epitélio de revestimento, sem a exposição do tecido conjuntivo, tornando o tecido menos espesso e mais frágil, geralmente de provocados sistemicamente.
Lesões planas: são lesões com pouca ou nenhuma elevação, divididas em dois subgrupos: placas e manchas.
 Placas: pequenas alterações no comprimento, de tamanho menor que extensão, como por exemplo, a candidíase-pseudomembranosa.
 Manchas: apenas conferem alterações de cor sem elevação. Podem ser hipercrômicas (avermelhadas ou arroxeadas): causadas pela vasodilatação, como os hematomas. Hipocrômicas (esbranquiçadas): pálidas devido a isquemias. Hipercrômicas melânicas: ocasionadas pelo acúmulo de melanina nos tecidos. Hipocrômicas melânicas: causadas pela perda de pigmentação nos tecidos. Pode também ocorrer pigmentações exógenas por materiais metálicos ou alterações devido a deposição de medicamentos.
Lesões vegetantes: são lesões com alterações de tamanho, divididas em formações líquidas e sólidas.
 Sólidas: são classificadas conforme seu tamanho, as formações sólidas com menos de 5mm são chamadas de pápula e com mais de 5mm nódulo.
 Líquidas: também classificadas conforme o tamanho, as formações líquidas com menos de 3mm são chamadas de bolhas e com mais de 3mm vesículas.
Aspectos semiológicos das lesões
A elaboração do diagnóstico exige a minuciosa observação dos aspectos semiológicos. Como a localização, cor, consistência e etc.
 Localização: descrever o local onde a lesão está. Se esta próximo a algum dente, língua ou palato, por exemplo.
 Cor: a lesão pode apresentar diversas cores, como cor acastanhada, amarelada, enegrecida ou até mesmo a cor da própria mucosa.
 Aspecto superficial: a forma da superfície da lesão. Pode ser lisa, lobulada, papilar ou verrucosa.
 Consistência: uma lesão sólida quando palpada pode ter diferentes consistências, como a fibrosa, borrachóide e dura.
 Aderência: uma lesão pouco aderida aos tecidos adjacentes é chamada de pediculada e muito aderida é chamada de séssil.

 

Biopsia e Citologia Esfoliativa

 

São exames realizados com a função de estudo celular de uma determinada área tecidual afetada. Complementam hipóteses de diagnóstico, confirmando ou excluindo um diagnóstico e realizando prospecção em grupos populacionais.
Citologia esfoliativa
É o método em que é realizada a raspagem da área afetada e o material coletado é levado para uma lâmina de vidro que posteriormente receberá o tratamento de fixação para analise em microscópio. Neste exame somente células descamadas são analisadas, não sendo analisada a estrutura do tecido.
O método pode ser utilizado para pré-diagnóstico de tumores malignos, pois 90% dos cânceres de boca são de origem epitelial. Através da observação das diferenças entre células normais e células malignas. Em condições normais as células são aderidas fortemente ao epitélio o que dificulta sua remoção. Nas lesões malignas a aderência é bastante frágil de remoção. As células malignas se diferenciam de células comuns por núcleos grandes e irregulares, bordas irregulares e proeminentes, coloração aumentada, perda da relação entre o núcleo e citoplasma, nucléolos múltiplos e proeminentes e possuem mitoses anormais.
As principais características da citologia são: podem detectar lesões iniciais, não substituem as biopsias devido a possibilidade de “falsos negativos”, pois só analisa células superficiais e auxiliam no controle de áreas que sofreram remoções residuais ou que sofreram radioterapia.
Entre as vantagens estão: boa aceitação do paciente (não provoca ansiedade), maior superfície para análise, técnica minimamente invasiva, não necessita de anestesia e é um procedimento rápido, simples e de baixo custo. Entre as desvantagens: analisa apenas células descamadas e não as células agregadas ao tecido, pode ocorrer falsos negativos e, em caso de malignidade, não dispensa a biopsia. Indicado para infecções fúngicas ou virais e doenças auto-imunes. Contraindicado para lesões profundas, com necrose superficial e lesões queratóticas.
O resultado é fornecido pela classificação esfregaço de Papanicolau & Traut:
• Classe 0 – material insuficiente;
• Classe I – células normais;
• Classe II – células atípicas sem evidências de malignidade;
• Classe III – células sugestivas de malignidade;
• Classe IV – células fortemente sugestivas de malignidade.
Sempre que classificado entre os códigos III, IV e V é necessária à realização da biopsia para confirmar o resultado. Este tipo de exame é mais realizado em caso de lesões de placas brancas ou esbranquiçadas em especial a candidíase pseudomembranosa a qual responde positivamente a técnica.
Biópsia
Diferente da citologia, a biopsia representa a remoção parcial ou total de uma área afetada e a análise da estrutura tecidual viva que foi removida em suas diferentes camadas (superficial, média, profunda).
É indicada para lesões que não permitam o diagnóstico somente o exame clínico e ou exame de imagens e nem evidência de cura em curtos períodos. Não existem contra-indicações absolutas e, quando existem, não são relacionadas ao caso clínico do paciente. Porém, um cuidado adicional deve ser considerado em casos, cuja hipótese de diagnóstico seja a de lesão vascular, como o hemangioma por exemplo.
A área de atuação do cirurgião dentista deve ser observada também. Dependendo da região e do tipo de lesão, o paciente deve ser encaminhado para um cirurgião de cabeça e pescoço.
Existem diferentes tipos de biopsias e são classificadas de acordo com o tipo de procedimento:
• Incisional: quando parte da alteração é removida. Comum para lesões grandes e também com aspecto de malignidade.
São feitas duas incisões em forma de cunha que se unem, com a profundidade de corte compatível com a ponta ativa do bisturi. Pode comtemplar ou envolver parte de tecido sadio adjacente para efeito de comparação.
• Excisional: a remoção total da lesão, geralmente pequenas e sem características de malignidade.
• Por aspiração (BAAF): é um tipo de biópsia em que se remove, por aspiração, fragmentos teciduais de áreas profundas ou tecidos profundos (na parótida, espaços faciais e glândulas salivares submandibular e sublingual e em linfonodos com suspeita de invasão de células malignas).
• Punção aspirativa (PAAF): é uma manobra realizada através da introdução de uma agulha fina no interior de uma formação que geralmente está associada a lesão fundamental bolhosa e que serve para analisar visualmente a possível existência de um conteúdo líquido ou semilíquido. De acordo com a coloração, após puxado o embulo, é possível notar: conteúdo sanguinolento (hd hemangionas), esverdeado (hd cístos), amarelo viscoso (pus) e pode não apresentar nenhum conteúdo (cavidades ósseas ou lesões sólidas).
Existe uma forma de biopsia chamada Core Biopsy que é a remoção de fragmentos de regiões de difícil acesso com agulhas específicas onde a localização e o direcionamento dessa agulha em direção a lesão principal é auxiliada com aparelho ultrassom.
Em lesões extensas e heterogêneas, podemos utilizar uma solução chamada azul de toluidina a qual tem afinidade com tecidos com grande atividade de divisão celular, ou seja, grande quantidade de DNA. Sabemos que células que crescem rapidamente e de forma desorganizada criam um ambiente ácido. Podemos utilizar azul de toluidina a qual irá curar mais rapidamente as áreas de maior atividade celular conhecidas também como áreas displásicas.
Em lesões nodulares, de coloração vermelho arroxeada e com conformação bolhosas, é prudente que, antes da biopsia, se realize uma manobra semiotécnica conhecida como vitropressão ou digitopressão também chamada de diascopia que nos indica proliferação vascular positiva. Nesta manobra, a lesão se torna esbranquiçada ou isquêmica, portanto, ao serem cortadas, determinam acidente hemorrágico e é um cuidado a ser visto antes da biopsia.

 

Lesões vesicobolhosas da cavidade oral

 

São modificações em forma de bolhas ou vesículas, as quais em algum momento podem romper eliminando conteúdo liquido interno e consequentemente expondo o tecido conjuntivo (ulceração ou erosão).
Estas alterações têm fatores etiológicos de diferentes naturezas (agentes virais, traumas, doenças sistêmicas ou autoimunes, etc). Existem vários tipos de patologias que causam o aparecimento de lesões bolhosas na cavidade oral, tais como:
• Estomatite aftosa: são lesões múltiplas ou únicas, que podem estar vinculadas a fatores emocionais, hormonais, alimentares ou mesmo de origem idiopática (origem incerta).
• Alterações nas glândulas salivares: são alterações nos ductos das glândulas que podem se romper devido a traumas locais (rânula, mucocele, entre outros).
• Infecções virais: forma lesões vesiculares associadas á presença do vírus HSV (herpes). Geralmente acomete a região dos lábios ou genitais, em crianças e adultos. Nem todo individuo que tem contato com este vírus desenvolve a doença. Na infância o primeiro contato com a doença chama-se gengivoestomatite herpética, inicialmente causa febre e posteriormente surgem varias vesículas na boca. É transmitido através do contato direto na lesão ou através da inalação das partículas virais. Não há tratamento especifico, pois pode caminhar pra cura espontânea ou tratamento e com analgésicos e antitérmicos.
• Doenças autoimunes: as doenças autoimunes criam anticorpos para as próprias proteínas do corpo. As principais doenças autoimunes que envolvem lesões vesicobolhosas na cavidade oral são pênfigo e penfigóide. Que promovem o ataque imunológico que afetam pele e mucosas. É mais prevalente em mulheres adultas e tem inicio na mucosa e posteriormente se espalham pela pele. As vesículas na boca são acompanhadas de inflamação e ocorrem principalmente em gengiva. Pode haver a ruptura dessas vesículas e deixar a área ulcerada ou erodida.

 

Alterações das Glândulas Salivares

 

As glândulas salivares são órgãos viscerais responsáveis pela manutenção do pH oral, enzimas digestivas, células do sistema imunológico, ação bactericida e bacteriostática e principalmente como agente facilitador de preparo do bolo alimentar.
Existem três grandes pares de glândulas salivares na boca bilateralmente: parótidas (de maior tamanho), submandibulares (tamanho intermediário) e sublinguais (menor tamanho). Além dessas existem inúmeras glândulas salivares acessórias em toda cavidade oral.
Fisiologicamente essas glândulas funcionam por estímulos internos e externos, tal como ansiedade, vontade de se alimentar, momentos de surpresa, entre outros.
O aumento do fluxo salivar é chamado de sialorréia e a diminuição de xerostomia e são condições que podem estar presentes em algumas doenças sistêmicas ou síndromes. Além de fatores resultantes de tratamentos sistêmicos como, por exemplo, o oncológico (quimioterapia).
As alterações mais simples estão associadas com traumas locais que podem romper os ductos excretores principalmente das glândulas salivares acessórias, formando elevações em forma de vesícula ou bolha.

 

Principais alterações das glândulas salivares:

 

  • Sialolitíase: são calcificações nos ductos excretores chamadas de sialólitos. Causadas pela descamação das células no interior do ducto e posterior calcificação devido aos componentes mineralizantes da saliva. Estas calcificações são comuns nas glândulas salivares submandibulares e sublinguais, de fácil diagnóstico através de radiografias oclusais da mandíbula. Podem ser assintomáticas ou dolorosas. A dor é provocada geralmente quando há estimulo da secreção salivar na hora da alimentação, por exemplo. Seu tratamento pode ser feito por métodos estimulantes ou cirúrgicos.
  • Sialoadenite bacteriana: causada por fluxo salivar diminuído, onde abre espaço para a entrada de bactérias. Pode ser ocasionada por sialolitíase ou medicamentos que reduzem o fluxo salivar. A principal glândula afetada é a submandibular. Os pacientes que possuem podem apresentar febre e edema. O tratamento é feito através do uso de antibióticos.
  • Mucocele: é a doença mais comum das glândulas salivares. A saliva mucosa é extravasada devido a um trauma que causa a ruptura dos ductos salivares menores. Quando há a ruptura dos ductos, a saliva extravasa para o tecido conjuntivo ao redor da glândula danificada e é envolvida por uma fina cápsula de tecido conjuntivo. Atinge mais crianças em região de lábio inferior e tem aspecto bolhoso, indolor. Deve ser removida cirurgicamente.
  • Rânula: é o acumulo de saliva no soalho da boca, proveniente da ruptura das glândulas sublinguais ou submandibulares. Tem aspecto bolhoso e quando atingem a região submandibular são chamadas de mergulhantes. O tratamento utilizado é a marsupialização (onde os tecidos ao redor da lesão são suturados), em lesões mergulhantes a glândula comprometida é retirada.
    Caxumba é a principal doença que afeta as glândulas salivares. Causada pela inalação do paramixovírus. O vírus fica no período de incubação de duas a três semanas, onde começam aparecer os sintomas de febre e indisposição. O sinal clínico mais observado é o aumento das glândulas parótidas. Provoca a diminuição do fluxo salivar e possui uma evolução definida e autolimitante. O tratamento é feito com hidratação e uso de medicamentos para o controle da febre. Pode ser agravada para o caso de uma meningite ou pancreatite.
  • Síndrome de Sjögren: é a alteração que causa o aumento das glândulas salivares e lacrimais e diminuição na secreção de saliva (xerostomia) e lágrimas (xeroftalmia). Atinge principalmente mulheres acima dos 40 anos de idade. O tratamento é feito através do uso de corticoides.
  • Sialose: é a hipertrofia das glândulas causadas por obesidade, cirrose e diabetes. Causa o aumento das glândulas e diminuição de saliva. O diagnóstico diferencial da síndrome de Sjögren é que nenhum tratamento se mostra eficaz.
  • Tumores benignos das glândulas salivares: Existem vários tipos de tumores benignos das glândulas salivares, porém o mais comum é chamado de adenoma pleomórfico, que é uma proliferação de células glandulares, mais comuns no palato duro e que podem invadir as medulares ósseas. Neste tumor, além das características glandulares, há proliferação fibroblástica e de algumas áreas de calcificação que determinam o chamado tumor misto. Existem outros tipos de adenomas que são mais difíceis de serem encontrados.
  • Tumores malignos das glândulas salivares: Os tumores malignos das glândulas salivares são crescimentos desorganizados relativamente rápidos que podem ulcerar e formar áreas de necrose. É agressivo e possuem potencial metastático, porém são incomuns. O tumor maligno mais comum é o chamado adenocarcinoma, sendo que existe também o chamado carcinoma pleomórfico. Existem outras formas de carcinomas envolvendo glândulas salivares como adenocarcinomas de células basais e carcinoma de células claras.

 

O principal exame para a verificação de alterações das glândulas salivares é: sialografia com contraste.

Comentários no Facebook