A cárie dentária e seus conceitos têm chamado a atenção dos epidemiologistas por ser uma doença que atinge um grande número de pessoas na população. Para se atacar o problema, é importante estipular tópicos que favoreçam a prevenção, diagnóstico e o tratamento em estágios iniciais dessa patologia. É de suma importância definirmos a doença cárie como um processo anormal, já que ela apareceu nos últimos séculos e não esteve presente durante toda a história da espécie humana.
A cárie possui 4 fatores fundamentais, os dentes, bactérias específicas, a dieta cariogênica e o tempo. Tirando um desses fatores, ela não se desenvolverá.
A suscetibilidade à doença cárie pode estar atrelada à fatores socioeconômicos. A falta de informação e de recursos podem colaborar, sobremaneira, para a sua evolução. Já os fatores intrínsecos como os aspectos hereditários, imunológicos, composição e capacidade tampão da saliva, são mais difíceis de se monitorar (LIMA, José Eduardo de Oliveira.).
Ainda dentro dos fatores intrínsecos, a suscetibilidade do dente à doença cárie pode estar relacionada ao seu grau de mineralização do esmalte, propiciando assim, maior ou menor resistência à acidez, já que é esta que acarreta a desmineralização. Deve-se salientar que não existe um dente que seja eficiente para suportar a resistência da cárie, por mais que haja estudos e métodos que tentem aumentar essa resistência utilizando métodos químicos e mecânicos (LIMA, José Eduardo de Oliveira.).
Os microrganismos mais diretamente relacionados à doença cárie são: o Streptococos mutans, Lactobacillos sp, e a Actinomyces sp. Esses microrganismos estão presentes na placa dental, que pode ser removida facilmente com a utilização de métodos de higiene diários (escovação e uso de fio dental) e pela limpeza profissional feita por um cirurgião dentista.
A dinâmica da doença se dá da seguinte forma: após a ingestão de carboidratos, incluindo a sacarose, os microrganismos supracitados sintetizam polissacarídeos extracelulares que acabam formando a placa dentária e também são capazes de produzir ácidos orgânicos, que fazem a promoção da desmineralização do esmalte. Essa desmineralização não ocorre imediatamente após o contato, demora um certo tempo, a saliva tem um papel importante na anulação da acidez mas não é suficiente, sozinha, para reverter o processo.
Os sinais e sintomas dessa patologia são dor e a formação de cavidades nos dentes. Essas cavidades se formam, normalmente, após infiltrações de micro-organismos por debaixo de restaurações e próteses, nas superfícies proximais (entre os dentes) principalmente em pessoas que não fazem uso regular de fio dental e nas fissuras da face oclusal (a face dos dentes que trituram os alimentos). Na cronologia do aparecimento, ela pode surgir em crianças cujos pais não têm informações ou cuidados suficientes, e, em adultos, pelos motivos citados acima.
Os tamanhos das cavidades de lesão de cárie podem ser:
– Pequena: nestes casos não há a necessidade do tratamento de canal e não causam dor.
– Média: pode ser que seja necessário o tratamento do canal e podem causar dor.
– Grande: a necessidade do tratamento do canal é bastante provável, pode ser que causem dor ou não se o nervo já estiver necrótico (morto). Após o tratamento do canal, deve ser feito um núcleo e coroa de porcelana se ainda houver substrato suficiente para suportar esse tipo de prótese. Se não houver, o dente deve ser extraído e colocado um implante dentário.
O tratamento daquelas lesões de cárie em fase muito iniciais (que ainda não estão cavitadas) é utilizando fluoreto e técnicas de remineralização, mas tendo em mente o conceito da odontologia de mínima intervenção para preservar estruturas dentais sadias. Para essa lesão ainda não cavitada, pode-se realizar um tratamento micro invasivo com a utilização de um infiltrante resinoso. A aplicação tópica de flúor é um dos métodos mais competentes para a prevenção e neutralização da progressão da doença cárie (ARAÚJO, Flávia Maria Lacerda.).
Apesar disso, os vernizes fluoretados são aproveitados com frequência pelos profissionais pela fácil aplicação e por serem compatíveis para os pacientes. Mas, altos níveis de fluoretos em forma de vernizes podem não ser eficientes no progresso de paralisação da doença cárie, gerando um resultado de desmineralização do esmalte. Ainda, quando há um planejamento para a interrupção da cárie, o cirurgião dentista deve eleger um tratamento conservador que tenha o objetivo de interromper a progressão da doença fazendo o uso de flúor, presente no consultório e empregado pelo dentista, orientação de dieta e higiene oral, uso de creme dental e a instrução sobre a importância da higienização (ARAÚJO, Flávia Maria Lacerda.).
Portanto, cabe ao cirurgião dentista analisar certos conhecimentos sobre o paciente, como a sua expectativa diante ao tratamento restaurador e preventivo, sua agenda para comparecer as consultas e sua colaboração para a prevenção de novas lesões. Inclusive, é necessário possuir critérios bem elaborados para a decisão do tratamento, como quando tentar deter a progressão e quando restaurar. Há condições que apontam a conveniência de uma restauração como a sensibilidade do dente a estímulos frios, quentes e a ingestão de açúcar, lesões em dentina, perda do ponto de contato, etc. Por isso, é imprescindível que o cirurgião dentista seja capaz de realizar um ótimo tratamento restaurador mediante ao que o paciente necessite (MARINHO, VITOR ALEXANDRE; PEREIRA, GERALDO MAGELA.).